No meu artigo anterior sobre Savage Worlds, eu mencionei a possibilidade de escrever artigos sobre táticas de monstros específicos, então aqui estou! Vamos começar pela criatura mai icônica de jogos e cenários de fantasia: os Dragões!
Dragões são as criaturas mais icônicas dos jogos de fantasia medieval, e isto não é a toa. Tanto é que o “RPG mais famoso do mundo” tem Dragons no nome.
Isto é por um bom motivo! Se usados da forma correta, dragões são os chefões definitivos de qualquer campanha. Mas, sempre há aquela pergunta: como fazer jus aos lagartões cuspidores de fogo em SWADE?
Estaremos considerando as estatísticas do SWADE Ed. Revisada pg. 220 para esta análise. As presentes no Compêndio de Fantasia são praticamente iguais, embora com mais variedade, então estas opções também serão inclusas! E também vamos falar brevemente sobre as suas versões no Bestiário do SWPF para fins comparativos!
Para começar, vamos a alguns fatos cruciais sobre dragões. Começando por:
Eles são aterradores!
Primeiramente, antes mesmo de sacar as cartas do Baralho de Ação, não devemos esquecer da sua habilidade de Medo! Todos os personagens devem fazer uma rolagem de Espirito com -2 ao encontrar um dragão pela primeira vez. Se falhar, deve rolar com +2 na tabela da página 141 do SWADE Edição Revisada!
Aqui temos desde efeitos narrativos, a começar o combate com status negativos como Distraído, Vulnerável ou Abalado. Mas também há aquela infame chance de rolar um Ataque Cardíaco e ter a primeira baixa do grupo antes mesmo do combate começar! Já imaginou?
Lembre-se de dar uma descrição a altura! Não simplesmente diga “o dragão aparece, faz um teste de Medo”. Uma dica aqui, é narrar uma ou mais ações dele, como por exemplo: estender suas asas, cuspir chamas pro alto, rugir, etc.
São resistentes como uma bigorna...
20 de Resistência, sendo 4 desse número vindo de armadura (16 de Resistência sem). Esse número não é brincadeira! Levando em conta que em cenários “medievais” (onde esses bichões são mais prevalentes), um guerreiro habilidoso rola 2d8 (média 9) de dano com uma espada longa no maior caso. Então estamos no caso de “precisar de Áses pra conseguir fazer alguma coisa” aqui, é bom ficar atento!
Como se não bastasse, dragões tem a habilidade Robusto, que efetivamente aumenta a Resistência em 2 para fins de Feri-lo. Já que um personagem deixá-lo Abalado para outro ir e causar um Ferimento por conta do Abalado está fora de questão. É necessário um golpe certeiro (uma ampliação no dano) para conseguir transpassar por suas escamas!
Mas além disto, é bom prestar atenção no que não está diretamente escrito na ficha: todos os dragões são Cartas Selvagens por padrão, e devido a sua escala (Enorme) ele possuem… Não 3! Não 4! Mas sim 5 FERIMENTOS que eles podem receber antes de serem Incapacitados! Mas lembrando que a penalidade por Ferimentos não passa de -3.
E atingem como um martelo!
Mas do que vale a defesa se o ataque é fraco não é? Mas pode contar que dragões não falham nesta categoria. Muito pelo contrário!!!
Dragões são uma das, senão A criatura que possui mais ataques por turno no bestiário do SWADE. Sem fazer Ações Múltiplas, um dragão pode, com o seu Frenesi Aprimorado fazer 3 ataques com Lutar. E de bônus, ele tem um golpe de cauda que pode acertar mais de um alvo, podendo fazer como ação livre! Ou seja, ele tem um total de 4 ataques (sendo um deles capaz de acertar mútiplos alvos) sem penalidades! Seja pela Escala (ele tem Esmagar) ou por Ações Múltiplas! Embora ele ainda possa fazer o último!!!
Só a Força de d12+8 já seria o bastante para causar um ou mais Ferimentos no personagem médio de SWADE. Então imagina o dano dotal de For+d8 que suas garras causam e o de For+d4 da cauda! Mas… Estou esquecendo alguma coisa, não?
Oh sim! Eles tem uma Arma de Sopro, obviamente! Quem estiver na área de um Modelo de Cone surgindo do dragão e não conseguir Evadir toma 3d6 de dano! Dano comparável com um lança-chamas, mas não é muito comparado com os seus outros ataques. Entretanto, ele pode ser usado em conjunto com uma habilidade muito importante. Que é:
Eles... VOAM!
E muito! 24 quadros para ser extato! Este é um fato óbvio, mas que muitos mestres não acabam levando em consideração quando botam um dragão na mesa.
Isto significa que um dragão pode ficar muito bem seguro longe do alcance dos guerreiros com Furioso, Frenesi e uma penca de outras Vantagens de combate corpo-a-corpo por quanto tempo ele precisar.
Não só isto, como também pode ficar longe da Curta Distância dos arqueiros e do alcance da maioria dos poderes do mago. Ele pode muito bem ficar a mais de 24 quadros de altura, e descer 12 quadros para baixo para usar sua Arma de Sopro no grupo, e depois ascender 12 quadros para cima na mesma altura onde ele estava! Pense nisto!
Por fim, se estiver usando um dragão em uma Perseguição, lembre-se do seu d10 em Atletismo e dos prováveis bônus por Velocidade Relativa. É quase impossível fugir de um dragão em voo! (Inclusive, eis uma regra que merece artigo próprio!).
Táticas para dragões
Mas de nada vai adiantar tudo isto que foi mencionado se o dragão tiver a tática de “eu vou para cima e ataco!” não é? Acima de tudo, dragões são criaturas inteligentes, e tipicamente vivem por centenas de anos ou mais! Então é bom fazer jus e estas criaturas no combate.
Campo aberto
Eu já resumi a primeira parte no bloco anterior, mas vamos complementar aqui. O sopro do dragão não serve apenas para causar dano, pois como mencionado acima, os 3d6 de dano do sopro não são muita coisa comparada com suas garras e dentes. O objetivo do nosso lagartão voador, é quebrar a formação do grupo, deixando os personagens o mais longe possível um do outro. Lembre-se que sucesso em Evasão significa que o personagem se move para fora do Modelo de Explosão! Isto com certeza ajuda!
E SÓ ENTÃO ele vai descer para lidar com esses aventureiros maltrapilhos cara-a-cara! Focando nos conjuradores primeiro, pois um dragão que se prese, já enfrentou muitos grupos de oportunistas em sua vida. Ele sabe o papel de cada membro da equipe só com o olhar (e Perceber d12)! Pode ser simplesmente estraçalhando um por um com suas garras em Frenesi enquanto usa sua cauda em quem tentar flanqueá-lo.
Mas se estiver se sentindo criativo e maligno, pode tentar agarrar o personagem em questão, e levá-lo para um passeio agradável nos ares. A viagem em si não seria tão nociva, mas uma Queda de potencialmente 24 quadros do chão sim! Esta é uma tática que águias usam para quebrar os cascos de tartarugas, então faria sentido dragões fazerem o mesmo com o guerreiro enclausurado em armadura de placas! Mas lembre-se que o dragão vai ter -4 na rolagem de Atletismo pra isso, conforme as regras de Agarrar.
Covil fechado
Tendo dito isso, um tropo muito comum nos jogos são a dos jogadores encurralá-lo em seu covil. Muitos mestres simplesmente desenham uma caverna com uma pilha de ouro no meio e se dão por satisfeitos. Mas pense comigo: uma criatura tão antiga e inteligente faria o seu covil em um lugar que nega a sua principal habilidade?
Um covil de dragão que se preze, deve ser amplo o bastante para que ele consiga empregar a sua tática favorita! No mais, lembre-se de adicionar características que dão vantagem para uma criatura que voa, como verticalidade: plataformas, túneis pouco acessíveis, etc. Se um dragão insistir em um covil mais fechado, ele deverá ser um verdadeiro labirinto de túneis largos o bastante para ele passar. Assim ele consegue replicar a sua tática de soprar-e-correr que eu mencionei acima. A pilha de tesouros pode ser usada como uma isca para jogadores gananciosos. Se o grupo ir direto pro ouro, eles vão ter uma péssima surpresa!
Um covil perfeito para um dragão clássico, como um dragão vermelho dos cenários de D&D, seria um caldeira de um vulcão inativo (ou porque não um ativo?!). Ele cumpre todas as vantagens que um dragão procuraria para formar um covil: é inacessível o bastante, provê segurança e tem muito espaço aberto para manobrar! Mas, covis deste tipo são disputados, então é justo que nem todo lagartão consiga um desses. Mas pense: se um dragão possui um covil vulcânico, ele certamente um dragão entre os dragões!!!
No mais...
Bom, aqui eu queria incluir um comparativo com as fichas do Bestiário do SWPF, e explorar variações que o Compêndio de Fantasia oferece. Além de sugerir as minhas próprias habilidades e ajustes para adicionar um tempero aos sopradores de fogo favoritos!
Mas, pelo menos eu já consegui dar conselhos bem agregadores olhando um único bloco de estatísticas. Então, eu creio que esta é uma boa oportunidade para dividir o artigo em 2! Então, nos veremos novamente na Parte 2! (Que estará linkada aqui assim eu sair!).
Este artigo é inspirado nos textos do blog The Monsters Know e no livro de mesmo nome. Absolutamente recomendo a leitura, se possível!
Savage Worlds Edição Aventura é um sistema para RPG de mesa publicado no Brasil pela Retropunk.
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