Encantados no Kilombo!

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Arte por: Claudio Henrique Suiteki

Há muitas lendas sobre encantados rondando as regiões selvagens ao redor do Quilombo. Nas estradas, rios e até mesmo nas cidades, elas espreitam nas sombras, e você terá que lidar com o perigo se quiser conquistar a liberdade de seu povo.

O chamado da Matinta

Enquanto fugia pela mata, sentindo o frio da noite gelar seu ossos, Canela de Facão fixou os olhos na Murucututu gigante, pousada no galho do angelim. Seu olhar refletia a luz prateada da lua, ainda que aquela fosse a noite mais escura de sua vida. O animal se moveu, saltando sobre o galho, abrindo as grandes asas e retornando ao mesmo lugar. Foi quando ouviu pela primeira vez:

— Você quer? Você quer?

Esfregou os próprios olhos, incrédulo. Todos já haviam passado por ele; estava sozinho. A coruja insistiu:

— Você quer? Você quer?

Movido por um instinto sabe-se lá de que, respondeu reticente:

— Sim, eu quero.

Voltou a ouvir o latido dos cães e desapareceu na mata escura em busca dos companheiros, mas jamais os veria novamente, não nesta vida. Dizem, porém, que se alguém fizer silêncio nas madrugadas mais frias, é possível ouvir o toque distante do berimbau e, caso insista mais um pouco, é possível ouvir os passos arrastados do capoeira andando entre as casas e, pela manhã, aqui e ali, é possível encontrar as penas da velha Murucututu. Se isso acontecer em uma noite qualquer, não saiam de casa, não conversem com a Matinta; apenas coloquem um punhado de fumo do lado de fora da porta e ela vai embora.

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