Em todo RPG, independente de ser fantasia medieval, exploração espacial ou nas ruínas pós-apocalípticas, cidades são sempre constantes em todas as formas e tamanhos. Apesar de tipicamente a aventura em si estar nas masmorras, minas perdidas e ruínas na região, cidades e assentamentos são importantíssimas, não só como um “pit stop” onde seus PJs vão para gastar o tesouro obtido, conversar com NPCs e descansar.
Cidades e assentamentos são o pilar central de worldbuilding do seu mundo. Ruínas e masmorras podem contar muito sobre o passado, mas um mundo de aventuras não é feito somente de passado, é necessário ter um presente interessante para que os jogadores sintam-se engajados no seu mundo de jogo.
Neste artigo listaremos algumas dicas essenciais para construir cidades vivas para um mundo vivo. (E spoiler: um anúncio inédito de brinde!)
Defina seu lugar no cenário e campanha
Sobre o que o seu cenário como um todo é? E qual o tipo de campanha você se propõe a mestrar? Estas duas perguntas são importantíssimas!
Em uma campanha sandbox explorando masmorras pelas redondezas, um simples vilerajo fronteiriço com (muitos) problemas pelos arredores já basta. Agora, uma aventura focada em mistério e investigação se beneficia de um grande centro urbano com muitas possibilidades de pistas e suspeitos. Os seus jogadores raramente irão interagir com figuras de alto escalão do governo da capital, portanto você não precisa focar o seu esforço criativo em todos os membros do conselho da cidade. A não ser que a sua campanha seja sobre intriga política, obviamente.
O conceito geral do cenário também pode influenciar (e muito) conceitos como a localização da sua cidade, meios de transporte internos e externos e até como os seus cidadãos vivem. Como regra geral, quanto mais alto conceito o seu cenário for, mas incomum será a cidade.
Os livros e jogos da saga Metro se passam em uma Moscow recém-devastada por uma guerra nuclear, onde os únicos sobreviventes foram aqueles que se protegeram nas estações de metrô da cidade. Anos depois, a superfície continua inabitável por conta da radioatividade e criaturas mutantes. Sendo assim, os novos assentamentos surgiram nas estações de metrô da antiga capital russa, cada uma com um modelo de sociedade e ideologia diferente.
Um baita conceito para RPG de mesa, não?
Comece com os básicos
Onde a sua cidade está localizada? Quais são as características da região? Quem são os governantes da cidade? A cidade está sujeita a uma autoridade maior (um reino, império, federação) ou é uma cidade-estado independente? E o mais importante: Qual é o TEMA que você busca evocar com a sua cidade?
Características geográficas mudam tudo na configuração e sociedade. Uma cidade costeira ou cortada por um rio navegável tem mais chances de ser um polo comercial. Uma cidade em uma região montanhosa geralmente tem a mineração como principal atividade, porém depende de importações de alimentos e outros insumos, já que as montanhas não são um bom terreno para plantações.
Perceba como que a nossa cidade já vai tomando forma só de pensar na geografia. Agora, a política e sociedade é como vamos adicionar aquele tempero de conflito na aventura! Qual é o modelo político da sua cidade? É uma autocracia governada por um rei? Um conselho onde os mestres de guildas se reúnem para votar? Uma ditadura onde o interventor militar enviado pelo Império tem poder absoluto? A opinião popular sobre o governo atual é positiva ou negativa? Quais são os principais desafios para o governo? E por aí vai.
Por último e não menos importante (talvez deveria ser até o primeiro em importância) é o tema. Pense em uma palavra ou frase curtíssima que vai definir um norte na sua criação e mestragem. Uma cidade que tenha como tema “ruína iminente” deve ter uma sociedade decadente, governo corrupto, criminalidade rampante e outras características de um barril de pólvora prestes a explodir, por exemplo.
Facções e personalidades
Facções no sentido geral de grupos com interesses e objetivos em comum, são essenciais para dar vida a um cenário como um todo, e obviamente que cidades tem as suas facções locais. Guildas comerciais, força policial, crime organizado, etc.
Este assunto pode dar um déjà-vu para quem já segue a Odyssey, porque nós já cobrimos isto em um ótimo artigo lá atrás. Então vamos nos focar em simplesmente complementá-lo num contexto urbano.
Pensando em uma cidade típica de fantasia medieval, já vem em mente facções como a “guarda da cidade” ou “guilda de ladrões”. Porém, se você quiser facções memoráveis, não se contenha aos clichês, descreva com mais detalhes os simbolismos, objetivos e métodos da facção. Por exemplo a “guarda da cidade” pode ser os Martelos da Ira, uma companhia mercenária contratada para manter a lei fora dos distritos nobres via quaisquer meios necessários, usualmente agindo com truculência. A “guilda de ladrões” pode ser os Polegares, nome dado pois seus membros dizem poder efetuar os mais complexos furtos “usando apenas os polegares”, e também pelo sinal usado para identificar os integrantes.
Sobre personalidades notáveis, é óbvio que uma cidade vai ter várias delas. Desde o taverneiro da espelunca favorita do seu grupo, até o prefeito, chefes de guildas, da guarda e por aí vai. É importante frisar que facções não devem ser monolíticas, nem todo indivíduo dentro de uma facção pensa e age de forma 100% igual aos seus pares, leve isto em consideração ao criar figuras notáveis em suas fileiras. No mais, o artigo linkado acima já é um ótima guia de como criar NPCs.
Locais e pontos de interesse
Uma vez definido as fações e personalidades importantes, é hora de criar as suas bases e outros locais de interesse! O prefeito vai exercer o seu cargo em alguma sede do governo. A guarda da cidade vai ter uma base de treinamento e recrutamento de novos soldados, e também vai ter uma prisão. A guilda de ladrões vai se reunir em tavernas e outros locais escusos e de má reputação da, e talvez tenham túneis secretos para contrabando debaixo da cidade. Até o taverneiro favorito do grupo, obviamente vai ter a sua taverna!
Pontos de interesse não se limitam a onde os grupos de interesse da sua cidade se reúnem. Também pense nos locais do dia-a-dia, como praças, mercados, templos, locais de entrada e saída (portões, portos, etc.) e por vai. Por mais que seus jogadores não passem muito tempo nesses locais, eles são uma ótima oportunidade para apresentar elementos da lore o seu mundo. A praça da cidade pode ter uma estátua de uma figura importante em seu centro, o porto pode ter regulamentações incomuns para entrada e saída, mercados podem estar repletos de comerciantes de terras distantes vendendo produtos exóticos, etc.
É importante salientar que você não precisa e preencher absolutamente todos os locais do mapa, ou se sentir obrigado a criar todas as tavernas de uma metrópole. Espaços em branco são perfeitamente OK em uma sessão de jogo, pois dá abertura para a criação espontânea, o que é bem mais divertido. Se os jogadores vão visitar um templo e você não criou um, então é hora de improvisar! Claro que habilidades de improviso na mesa é algo a parte e merece o seu próprio artigo, mas ela é uma que vale a pena ser treinada desde já.
Crie a cidade com o seu grupo
“Mas toda essa lista não é muito complicada de se fazer sozinho(a)? Vale apena todo este esforço?” Você provavelmente está se perguntado.
Bom, isto é um grande depende. Depende do tipo de campanha que você queira mestrar, por exemplo, uma aventura urbana como Waterdeep: Dragon Heist certamente se beneficia de uma cidade excelentemente construída como Águas Profundas é.
Mas se você se preocupa com quanto trabalho que isso dá, não se preocupe, pois essa tarefa pode facilmente ser delegada aos jogadores. Sim isto mesmo! Criação coletiva pode ser muito divertido. Além de facilitar a vida do Mestre, ter o grupo ativamente criando o principal ponto da campanha torna a experiênca muito mais engajadora! Não acredita?
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Mythwoven – Gerador de Mitos é uma ferramenta de RPG para criação coletiva de cidades e assentamentos para o seu RPG de mesa! Vindo aí pela Odyssey Publicações!!!
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